2013: Ano de Obaluaê

2013 começa sob as influências de Obaluaê, o senhor da terra – aquele que cura e mata, que varre a terra das chagas e das vidas que já completaram sua jornada. Um Orixá muito severo, feito de tempo e coração – geralmente seus filhos são mais quietos e observam mais que falam. Infelizmente, uma vez tirado da sua natureza silenciosa, pode se ouvir a fúria saindo de boca.

Seus filhos carregam na pele sua marca, inevitavelmente os feitos de palha sentem e demonstram mais pelas chagas que se apresentam na pele seca, marcas e feridas por todo o corpo.

Obaluaê conquista Daomé.

Um dia Obaluaê saiu com seus guerreiros.
Ia em direção a terra dos mahis, no Daomé.
Obaluaê era conhecido como um guerreiro sanguinário,
atingindo  todos com as pestes,
quando estes se opunham a seus desejos.

Os habitantes do lugar, quando souberam de sua chegada,
foram em busca de ajuda de um adivinho.
Ele recomendou que fizessem oferendas,
com muita pipoca, inhame pilado, dendê
e todas as comidas de que o guerreiro gostasse.
Pipocas acalmam Obaluaê.
Disse que seria aconselhável que todos se prostrassem diante dele,
que se prostrassem em total submissão.
Assim o fizeram.
“Toto hum! Toto hum! Atotô! Atotô!”
“Respeito! Silêncio!”

Obaluaê, satisfeito com a sujeição daquele povo, o poupou.
Declarou que a partir daquele dia viveria naquele reino.
Assim o fez e em pouco tempo
o país tornou-se prospero e rico.
Obaluaê recebeu nas terras mahis o nome Sapata.
Mesmo assim era preferível chama-lo de Aion,
Aion, Senhor da Terra,
ou Jeholu, Senhor das Perolas.

Esses diferentes nomes foram adotados por famílias importantes,
mas infelizmente provocaram desentendimentos
entre elas e os reis do Daomé.
Muitas vezes as famílias de Sapata foram expulsas do reino
e, em represália, muitos reis daomeanos morreram de varíola.
tanta discórdia provocou seu nome,
que hoje ninguém mais sabe
qual o melhor nome para se chamar Obaluaê.

 

– pág. 207 – Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi.